Carlos Suárez é um alpinista espanhol que pratica o mundo das montanhas desde os 13 anos. Assim que começou, deixou bem claro que aquilo era uma coisa sua e que era a isso que queria dedicar o resto da sua vida. A sua extensa carreira permitiu-lhe visitar lugares tão incríveis como Annapurna ou Yosemite e conseguiu abrir rotas sozinho ou escalar um 8a sem corda.

Mas a escalada não só está presente na sua vida, como a combina com outros desportos de aventura como o paraquedismo ou, mais recentemente, o B.A.S.E jumping, dos quais pode ver mais informações aqui.

Como se não bastasse, alia a sua profissão e os seus passatempos a outras facetas que não perdem de vista a montanha, como a preparação de livros (tem 4 a seu crédito), a exploração de conferênciasou colaboração em alguns programas La Sexta juntamente com a jornalista Sara Carbonero.

Abaixo deixamos a entrevista para que possam conhecer um pouco mais sobre este craque da escalada.


Carlos Suárez na Tailândia



Yumping.- Desde muito cedo, com apenas 13 anos, que te dedicaste ao mundo das montanhas. O início foi difícil?
Carlos Suárez. -Não, de todo. Tive a sorte de a minha mãe me ter pago para fazer um curso com Ramón Portilla e tive desde o início ótimas referências próximas, assim como o clube Peñalara.

Y.- O montanhismo exige muitas medidas de segurança e por vezes pode ser arriscado. Foi difícil para si fazer com que as pessoas aceitassem o seu estilo de vida como profissão em casa?
C.S.-
Sim, sempre foi difícil de compreender.


 Carlos Suárez a escalar



Y.- O que sentiu quando se viu pela primeira vez a mais de 8.000 metros acima do nível do mar, em Cho-oyu?
C.S.-
Senti que não era tão forte como costumava ser nos Alpes ou em lugares semelhantes. Normalmente vai-se com uma margem de ação muito mais limitada.

E.- De que pico se recorda com mais carinho?
C.S.-
Monte Asgard pelo que ele representava e o subsequente Base jump que fiz depois.

E.- Quando é que foi mais difícil para si continuar?
C.S.-
Há alguns anos que não via saída apesar de ter passado anos a tentar viver profissionalmente. Existem outras profissões pelo mundo de montanha muito mais rentável.


 Monte Asgard, Ilha Baffin



Y.- Tem um historial invejável no mundo da escalada. Não parou de alcançar o sucesso e ainda é imparável. Qual o título que mais alegria lhe trouxe?
C.S.-
Mais do que os títulos são as experiências que vivi, mesmo algumas que não tiveram sucesso como no Cerro Torre, mas que me ensinaram muito.

E.- É difícil fazer amigos no mundo da competição?
C.S.-
Acaba sempre reduzido a um ou dois, o que honestamente é mais que suficiente.

E.- Até onde gostaria de ir no mundo do montanhismo?
C.S.-
Depois de regressar dos Himalaias no Inverno, quis voltar para uma grande montanha como o K2.


 Durante uma expedição



Y.- Conquistou títulos na modalidade de escalada de velocidade. Poderia explicar aos nossos leitores o que é?
C.S.-
Trata-se de velocidade pura e simples, sem grande dificuldade. É uma modalidade com a qual curiosamente se iniciou a competição na Rússia e que nunca teve maior importância.

Y.- Onde prefere escalar? Pedra ou gelo?
C.S.-
Rock, claramente.

Y.- Realizou uma das proezas mais espectaculares do mundo da escalada: um 8a sem corda. Como o viveu? Repetiria?
C.S.-
Não, ensinou-me onde estavam os meus limites de uma forma algo controlada. Nessa altura, poucas pessoas no mundo o tinham feito, não tinha referências e a abordagem da cabeça era muito exigente. Procurava um caminho pessoal, honesto e sincero que me ensinasse algo autêntico, fora de toda a falsidade.


 Carlos Suárez



Y.- Para além da paixão pela montanha, na qual trabalhou durante toda a sua vida, vemos que pratica outros desportos de aventura. Como decidiu iniciar-se no mundo do paraquedismo?
C.S.-
Foi uma evolução natural. Era algo que queria experimentar desde que saltei de parapente do alto de Naranjo de Bulnes. Isto fez-me pensar noutra dimensão da montanha e a hora chegou graças a Leo Houlding, um amigo inglês.

Y.- Posteriormente optou por iniciar a prática da modalidade B.A.S.E Jump. Porque decidiu dar esse passo?
C.S.-
Vi-os em Yosemite a cair de um muro e foi aí que decidi que o faria mais cedo ou mais tarde, depois o Leo veio dar umas conferências em Espanha, traduzi-lhe e ele ensinou-me tudo o que tinha de fazer.

E.- O que prefere, as sensações oferecidas ao chegar a um pico ou saltar de uma ravina para o vazio?
C.S.-
Ambas as coisas são coisas extraordinárias que fazem viver momentos incríveis.

E.- Que outros desportos de aventura pratica ou gostaria de praticar?
C.S.-
Há alguns anos que pratico surf, alguns mergulhos e ocasionalmente highline.


 Carlos Suárez a fazer a bandeira



E.- Que outros passatempos tem para além dos desportos radicais?
C.S.-
Leia, escreva e jogue golfe.

Y.- Tem também outras facetas, como escritor, apresentador, orador em conferências, editor em publicações desportivas... Com qual se sente mais confortável?
C.S.-
Talvez com a escrita mas não passa de um passatempo, gostava de conseguir escrever melhor. Quanto ao cargo de apresentadora, foi apenas uma experiência de um ano no La Sexta com Sara Carbonero, nada mais. As conferências são algo que faço ocasionalmente, embora todos os anos já há muito tempo.


 Carlos Suárez pratica BASE Jumping



E.- Se algum dia se retirasse do mundo da montanha, o que gostaria de fazer?
C.S.-
Segurava-me a uma mesa como diz o final de um filme dos irmãos Coen.

E.- Que conselhos daria a alguém que esteja a pensar iniciar-se no mundo da escalada?
C.S.-
Simplesmente que estava consciente dos riscos que poderia correr, nada mais.

E.- O seu próximo objetivo?
C.S.-
Uff, alguma BASE gratuita, talvez na Gronelândia...

Deixamos-vos este vídeo promocional do último livro que Carlos Suarez escreveu, Morrer pelo topo.



E você, também escala? Pode nos contar aqui.